Consumo, logo existoJá faz alguns anos que insisto que empreendedores precisam politizar seus negócios, por algumas razões: se com nossos negócios formos ser concorrentes das corporações (cada vez mais inchadas e anabolizadas), na oferta de produtos e serviços, fatalmente perderemos. Contra uma corporação tudo vira commodity, e o jogo das commodities é vencido por quem tem mais caixa ou melhor preço. Para fugir do commodity, precisamos injetar uma certa paranoia em nossas ofertas: além de diferenciação de produto (raramente uma corporação é berço de inovação), devemos arriscar mais em nossas narrativas e comunicação. Daí que a politização do discurso vem a calhar. Se você tentar agradar a todes, fatalmente não será lembrado. E não ser lembrado, nestes dias em que as nossa atenção virou o grande produto do capitalismo informacional, é o mesmo que não existir. Pós-pandemia, a grande catalisadora, tudo se acelerará. Não dá pra jogar runas e prever o futuro, mas de uma coisa é certa: o mundo entrará em crise. Já entrou, aliás. E se essa pandemia nos ensinou algo, é que não existe nada de democrático numa crise: ela afeta tudo, mas de maneira desigual. Desta crise e de seus mares revoltos emergirá um novo consumidor, um que preza pela verdade. Essa verdade pode ser traduzida por um consumidor que, entre muitas características, investe na economia circular e se preocupa cada vez mais com as consequências e impactos daquilo que consome, ou ele simplesmente deixará de consumir e tentará produzir, consertar, trocar ou fazer escambo com aquilo que acumulou ao longo dos anos. Falando em acúmulo, tampouco as novas gerações estarão dispostas a esfalfarem suas vidas para que possam ganhar mais dinheiro para comprar mais coisas. Experiências, que já era uma palavra importante pré-pandemia, agora virá pra ficar. Ou você vende um mundo para seu cliente do qual seu produto faz parte, ou ele criará um mundo sem você. |